O que é?
É um locus (área de estudo) da Teologia sistemática que estuda sobre Deus, mais especificamente, sobre Deus Pai.
É o estudo da Teontologia (Estudo de Deus). Não supõem que seja uma descrição exata do ser de Deus. Apesar de levantar e tentar responder questões a seu respeito. Ela é em sua forma apologética, a defensora das reivindicações do Cristianismo frente aqueles que ainda não creem, e na sua forma dogmática, a esclarecedora dos conteúdos da fé cristã a respeito de Deus para aqueles que já creem.
Teontologia - Estudos
A Existência de Deus.
A infalibilidade bíblica é o fundamento epistemológico da fé cristã, e a doutrina de Deus é o fundamento metafísico do qual as outras doutrinas dependem. Portanto o cristão deve se esforçar para alcançar o entendimento correto de Deus.
E todo entendimento correto que temos a respeito de Deus só pode vir de sua própria palavra, por intermédio de quem temos a apresentação correta sobre a Pessoa e o Ser de Deus.
Através das Escrituras como vimos anteriormente em outros estudos, percebemos as virtudes e os atributos de Deus, os quais nos dizem não quem Ele é em si mesmo, mas, antes, o que Ele é em relação a nós, de sorte que este conhecimento dele consista mais de viva experiência do que vazia e leviana especulação.
E é por isso, que abrimos este capítulo tratando a respeito da existência e dos atributos de Deus, fatos que demonstram suas qualificações e ao mesmo tempo, retratam sua belíssima e real grandeza, ainda que sejamos incapazes de compreender na mais absoluta profundidade quem Deus de fato é.
No entanto, através daquilo que Deus agradou-se revelar sobre si mesmo, podemos perceber a sua beleza e santidade, refletirem por intermédio não só das obras da criação, mas também da sua própria palavra. Que expressa com confiança e não exaustivamente sobre o Ser e a Pessoa do nosso Senhor e Rei. Ex 3.14, Sl 145.3, Sl 90.2, Rm 11.33.
Então quando partimos para o estudo sobre o Ser de Deus, devemos logo no começo perguntar: O que Deus é? Pois está é a pergunta de número quatro de um dos símbolos de fé da nossa igreja chamado de Breve Catecismo que respondendo a pergunta afirma: “Deus é espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade”. Breve Catecismo, p 10.
Sendo que a CFW no mesmo caminho que o Breve Catecismo afirma:
“Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu Ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões, é imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para sua glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro galardoador dos que o buscam, e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo pecado; de modo algum terá por inocente o culpado”. CFW, p 26.
Muitos textos das Escrituras, mostram o caráter de Deus visto por meio das palavras nesta citação da CFW alguns deles são Dt 6.4 Jr 10.10, Jó 11.7-9, 1 Tm 1.17, Is 6.3 Ap 4.11, Rm 11.36, Na 1.2-3.
A existência de Deus é vista por toda Escritura Sagrada, o que significa que qualquer assunto de autoridade que quisermos saber a respeito de Deus, só encontraremos nas Escrituras e em nenhum outro lugar, palavras e afirmações confiáveis a respeito de quem Deus é. E por mais que tenhamos informações vindas da bíblia a respeito do Ser e da Pessoa de Deus, a nossa própria limitação humana, nos engessa e atrapalha na compreensão e no conhecimento de Alguém tão absolutamente grande e inalcançável como Deus.
E quando digo compreensão e conhecimento, quero dizer de forma parcial, porque ainda que os cristãos sejam diferentes dos outros homens na emissão de opiniões sobre Deus, pois nosso campo de entendimento são as Sagradas Escrituras, os outros homens mostram por sua vez, a norma da lei cravada em seus corações, fazendo-os indesculpáveis por sua rebeldia sobre o conhecimento de Deus, e isto porque os não eleitos, nunca poderão corretamente opinar e nem conhecer ao Senhor por causa da luz que lhes falta, mas a semente da religião e o senso de divindade neles impresso servirá de juízo sobre eles, na própria indesculpabilidade de seus atos.
O Sentimento Religioso é Universal
Como já falei brevemente acima, todas as pessoas de qualquer lugar têm uma real intuição de que Deus existe. Ainda que deem nomes diferentes a Ele, não podem escapar da ideia perturbadora sobre a existência de Deus pulsando bravamente em suas moléculas e células.
Calvino fortalece esse argumento:
“Ora para que ninguém se refugiasse no pretexto da ignorância, Deus mesmo infundiu em todos certa noção de sua divina realidade, da qual, renovando constantemente a lembrança, de quando em quando instila novas gotas, de sorte que, como todos ã uma reconhecem que Deus existe e é seu Criador, são por seu próprio testemunho condenados, já que não só não lhe rendem o culto devido, mas ainda não consagram a vida a sua vontade” Calvino, Institutas 1. cap 3. p 53.
No coração de todo o homem está gravado o senso de divindade com tanto poder que este mesmo senso, parece ter se aprofundado para as entranhas de todos os homens o que mostra não só a idolatria presente em seus corações, como uma descaracterização da obra e do Ser de Deus, como também o ateísmo ardente que lhes incendeia a alma, a ponto de eles colocarem em seu corações, noções de ciência e filosofia baseados em teorias improváveis, mas que os fazem crer abertamente contra o Senhor e Criador.
Algo que todo o homem não pode escapar é da existência de Deus e da verdade de que Ele é o Senhor na condução da história, no entanto, este mesmo homem, pode numa tentativa de gritar por liberdade de Deus, por causa do pecado de seu coração, adulterar a verdade de seu criador e tentar viver longe de Deus, num mundo que pertence ao seu Senhor. Rm 1.18, 20,21,25, sendo que o homem chega a uma degradação e ódio tão mortal contra seu criador, que impede em seu subconsciente qualquer caminho de proximidade com o mundo de Deus, afirmando que Ele não existe Sl 14.1, 53.1.
Alister MacGrath e Joanna MacGrath, em seu livro O Delírio de Dawkins disse:
“Não quero ser indelicado, mas toda essa abordagem se parece constrangedoramente com os programas anti-religiosos impostos a educação das crianças soviéticas durante os anos 1950, baseados em mantras como: A ciência desmentiu a religião!, religião é superstição”. Alister e Joanna, O Delírio de Dawkins, p 30.
MacGrath ao escrever esse livro, impõe uma perspectiva bíblica de confrontação aos pensamentos de Dawkins, demonstrando o tamanho da revolta dos homens contra seu criador pelo fato de não desejarem a sua companhia no compartilhar o universo. Mas nunca podem negar, que a tentativa de desautorizar Deus como Senhor do mundo, estão na verdade mostrando que há algo que os incomoda e que deve tomar o lugar do Criador em seus corações, ainda que seja uma idé ia falseada de crenças, mudada em ciência, lógica, filosofia ou qualquer outra coisa.
Johnson, Darwin no banco dos réus, p 107 disse: “E evolução biológica é apenas uma parte principal do grande projeto naturalista, que busca explicar a origem de tudo desde o Big Bang até a atualidade sem permitir qualquer papel para um Criador”. Mas o interessante, é que a fé existe, ainda que não seja comum, ainda que não seja em Deus, existe uma necessidade inerente no homem, para que o mesmo, ocupe o lugar de Deus com seus próprios pressupostos.
Assim Berkhof colabora conosco ao afirmar: “Em vista da semente da religião implantada em todos os seres humanos, pela criação do homem a imagem de Deus, é seguro admitir que ninguém nasce ateu”Berkhof, Teologia sistemática, p 24.
Seres morais não podem escapar da inapelável e verídica afirmação de que Deus existe, não podemos agradecer o sol por sua luz e nem mesmo as estrelas pelo seu brilho, ou ainda a natureza por sua beleza, porque agradecimento é algo que deve ser tributado, oferecido, de pessoa para pessoa.
Ainda que a rebeldia humana leve os homens para distante de seu Senhor e Criador, os homens ao agradecerem as coisas criadas mostram ainda mais, a ignorância de sua adoração. At 17.29. Mas nunca poderão dizer terminantemente que Deus não existe conseguindo provar isso, exceto para seus corações rebeldes e odiosos.
Como bem disse Berkhof: “Em última análise, o ateísmo resulta do estado moral pervertido do homem e do seu desejo de fugir de Deus” Berkhof, Teologia Sistemática, p 24.
Os Ateus são práticos e teóricos, mas, nunca, realmente ateus
1) Ateus Práticos: A ideia de Deus está entranhada na medula de todos os homens, por esse motivo, vemos algumas classes de ateus, existentes no mundo de Deus, mas, quero resumi-las a dois mais propriamente ditos.
A categoria dos ateus pode ser definida da seguinte maneira, os ateus práticos e os ateus teóricos. Os ateus práticos são pessoas que a despeito de ser religiosos negam a existência e a verdade de Deus por meio de atitudes que expressam o paganismo e a rebeldia de seus corações em viver de conformidade com a vontade de Deus presente em sua Palavra. 2 Rs 17.33.
Os ateus práticos partem de princípios religiosos inclusive, acreditam e tem fé em alguém ou alguma coisa, no entanto, sua maneira de ser e agir dentro da sociedade são opostas a Deus e sua vontade. Lc 18.18-23.
O reformador de Genebra nos ajuda a entender isso dizendo: “Ora, o mundo, como pouco adiante se haverá de dizer, tenta quanto está em seu poder alijar para bem longe o conhecimento de Deus, e de todos os modos corrompe-lhe o culto”. Cavino, L1, cap 3, p 55.
O ateísmo prático não descrê da existência de um Ser Supremo ainda que use vários nomes para referir-se a Ele, no entanto, não vivem de acordo com suas regras e nem mesmo dão ouvidos a sua santa palavra. A ideia do ateísmo prático está ligada não necessariamente a negação expressa da existência de Deus, mas na rebeldia em viver de acordo com Seus princípios, ainda que no fundo creiam na Sua irrefutável existência. Tt 1.16.
2) Ateus Teóricos: Estes tentam negar a existência de Deus por intermédio de estudos filosóficos que desembocam na tentativa de anular a existência de Deus em sua mente e memória com base nas afirmações de que Deus não existe e nem mesmo há espaço para Ele no universo.
Os argumentos deles parte de um cosmovisão sociológica, filosófica da negação da presença de Deus no mundo, procurando explicar as contradições presentes no universo a luz da antropologia, não dando espaço para um Teocentrismo.
Sthefen Jay Gould por exemplo, é um dos maiores metafísicos do mundo, mas seus conhecimentos aparentemente levaram-no a concluir que Deus não pode ocupar espaço com o homem num mesmo universo. Phillip Johnson deixa isso muitos claro ao fazer a seguinte afirmação a respeito de Gould; “Gould … nunca deixou passar uma oportunidade para transmitir a impressão de que a ciência descobriu que o mundo é governado pelo acaso”. Johnson, Darwin no banco de réus, p 161.
E assim vemos homens externalizando todo o seu ódio contra o Criador de suas próprias vidas, concluindo de conformidade com a rebeldia de seus corações, que são independentes no mundo, chegando inclusive a mostrarem uma fé no absurdo, só para não darem o braço a torcer, na demonstração daquilo que está localizado em suas entranhas, que diz respeito a existência de Deus o Criador.
Numa época em que o evolucionismo Darwinista chegou a ser o mais importante elemento numa religião naturalista, no ano de 1959, em Chicago, importante cidade dos EUA, um homem chamado Julian Huxley fez um pronunciamento ardente contra qualquer forma de intervenção e existência de Deus na esfera do sobrenatural quando disse:
“No padrão evolutivo de pensamento não há mais nem necessidade ou lugar para o sobrenatural. A Terra não foi criada, evoluiu. Assim, todos os animais e plantas que a habitam, incluindo nossa natureza humana, mente e alma, bem como o cérebro e o corpo”. Johnson, Darwin no banco dos réus, p 153.
A pecaminosidade presente no coração do homem evidencia uma total arrogância e desaforo contra o Seu Criador, mostrando com toda a sua força, a supressão da verdade de Deus como que podendo afrontar o Criador ao dizer-lhe, não preciso de você, tudo posso em mim mesmo, inclusive afirmar que eu e não você sou o senhor Rm 1.28. Sl 14.1.
Os homens que usam da razão para chegar a conclusões da não existência de Deus, mostram o quanto necessitam de fé, para descrerem de Deus como Senhor de todo o mundo, e fazendo isso, caem no campo comum das estruturas de categoria que o próprio Deus estabeleceu para que se viva no mundo, a fé, mas não a fé em Deus, mas a fé em algo. “A ciência é o único instrumento seguro que possuímos para compreender o mundo. Ela não tem limites”. Alister e Joanna McGrath, O Delírio de Dawkins, p 50.
Religião e Divindade, pensamentos dos quais os homens não podem se livrar
1) Semente da Religião:
Deus plantou no coração de todos os homens uma semente chamada de semente da religião. Nenhum homem nasce neste mundo, sem que está semente, esteja presente na essência de sua natureza. Deus agiu dessa maneira com tal sabedoria, que a religiosidade plantada nos homens, torna-os indesculpáveis diante de Deus por causa da ideia inata da existência de Deus no mundo, que necessariamente os leva a buscar uma relação com uma religião, ainda que seja fundamentada em princípios antropocêntricos a priori. At 17.22-23.
Como afirma o Dr. Heber Carlos:
“ A religião natural mostra que há um Deus com atributos como poder, divindade, justiça, como é ensinado em Romanos 1. Esses são atributos que Deus manifesta na natureza, mas a sua misericórdia, amor, graça e etc, são expressões da sua vontade, e ele as manifesta quando quer”. Campo, O Ser de Deus e Seus atributos, p 29.
O próprio Sl 19 confirma ainda mais de perto a afirmação do Dr. Heber trazendo a nossa consciência uma perturbável e inapelável verdade sobre a ação proclamadora que Deus faz de si mesmo. Através desse texto descortinando diante da humanidade a sua incômoda presença, vemos que por mais que queiram os homens não podem se esconder dos gritos dados em suas próprias consciências, nascidos de um coração corrupto. Gritos esses que os atormentam levando-os a buscar uma relação com Deus, ainda que erroneamente o busquem por causa de sua própria depravação.
Calvino quanto a isso diz:
“Portanto, como desde o princípio do mundo nenhuma região, nenhuma cidade, enfim nenhuma casa tenha existido que pudesse prescindir da religião, há nisso uma tácita confissão de que no coração de todos jaz gravado o senso de divindade”. Calvino, As Institutas, Livro 1. cap 3, p 53.
O pecado fez tanto mau ao homem, que o tem levado cada vez para mais longe de conceitualmente acertar nas afirmações que faz a respeito de seu criador, porém é essa a noção que lhe resta após ter ido pelos caminhos pecaminosos de seu próprio coração. Como ainda disse Calvino:
“ Aliás, até a própria idolatria é ampla evidencia desta noção”.
Calvino, Institutas Livro 1, cap 3, p53. A noção aqui, é a de que o senso de religiosidade e divindade esteja dentro de sua alma, dentro de seu coração.
E ainda que os cultos que este homem preste seja a si mesmo, a filosofia de sua época como pensamento Freudiano, ao Marxismo ou a religião evolucionista, como expressões mais rebuscadas de idolatria e religião ou, ainda, que o homem se dobre diante de madeira, pedra, sol, estrelas ou qualquer outra coisa da criação como expressão de uma religião mais embrutecida, nenhum deles, poderá escapar da verdade de que suas inclinações naturais os levam a adorar a algo.
Nancy Pearcey e Charles Thaxton fazem uma interessante contribuição sobre isso dizendo:
“Conforme Morris Kline explica, tendo desprezado Deus como base para a matemática, os cientistas tiveram que aceitar o homem. Eles continuaram a desenvolver a matemática e a procurar leis da natureza, mas com uma diferença crucial. Deixaram de crer que estavam descobrindo o plano de Deus e passaram a esperar apenas desvendar a obra humana”. Nancy e Charles, A Alma da ciência, p180.
2) Sensus Divinitatis.
O sentimento religioso é forte no coração do homem, e está enraizado em suas entranhas, presente em sua essência por causa do senso de divindade que existe neste mesmo homem, que foi criado a imagem e semelhança de Deus.
Por isso, seria praticamente impossível, um ser criado para ser o reflexo de Deus, não perceber ou mesmo sentir a presença de Seu Criador em sua essência. O homem é um ser absolutamente carimbado por um senso de divindade que determina em seu coração a busca constante por um ser Divino.
O pecado assim como corrompeu a religiosidade no coração do ser, fez isso, como consequência do que anteriormente ocorreu na corrupção de sua própria percepção de divindade. E por isso muitas vezes, os homens debocham ou mesmo querem tomar o lugar da divindade absoluta de Deus no mundo, como aconteceu com Herodes, que após ter discursado e recebido o elogio de ser uma divindade, gostou tanto que chegou mesmo a acreditar nisso, e morreu comido por vermes diante de todo o povo. At 12.22-23.
Nesse mesmo sentido Calvino nos conta a história de Gaio Calígula imperador de Roma dizendo o seguinte:
“Em parte alguma se lê de ter existido um desprezo mais incontido ou desenfreado pela divindade do que em Gaio Calígula. Entretanto, ninguém tremeu mais miseravelmente sempre que se patenteava alguma manifestação da ira divina. Desse modo, malgrado seu, fremia de pavor diante de Deus, a quem publicamente porfiava por desprezava. Isso, aqui e ali, se sobrevêm também aos que lhe fazem páreo; portanto, quem é mais petulante em desprezar a Deus, de fato também, ao mero ruído de uma folha que cai, desmedidamente se perturba Lv 26.36”. Calvino, Institutas Livro 1, cap 3, p 54.
Essa consciência da divindade marca tão profundamente o homem, que mesmo sem o saber, este mesmo homem, expressa os valores do Ser Divino que lhe perturba a alma, por meio de sua moralidade, propósito, ética de valores e tudo mais, pois a norma da lei gravada em seus corações, só testificam contra eles mesmos, de que há um Ser Divino presente no universo diante de quem não podemos escapar, por mais que tentemos lhe apagá-lo de nossa memória.
E creio que a impossibilidade advinda disso, é pelo fato de que a impressão da divindade não está em nossa memória, mas antes em nossa própria essência, impedindo os homens de fugir dela. Nancy Pearcy e Charles Taxthon, A Alma da ciência, p 73, nos dá uma interessante ajuda nessa compreensão da divindade introjetada na essência humana quando dizem:
“Vários neoplatônicos acreditavam que o símbolo mais apropriado da capacidade criativa de Deus era o sol, cuja luz e calor possibilitavam a existência de todos os seres vivos na terra. Assim o neoplatonismo associou-se a uma espécie de misticismo solar. Enquanto Aristóteles ensinava que a terra era o centro do universo, alguns escritores neoplatônicos argumentavam que o sol devia ser o centro do universo, uma vez que somente essa posição era compatível com sua dignidade como símbolo divino”.
Essa concepção mística do sol sem dúvida mostra o conceito de divindade como um sentimento no coração do homem, levando não só a emitir opiniões com base nela, mas também perceber a natureza e a criação como algo divino, ainda que seja deturpadamente.
Sobre essas deturpações que tentam alienar Deus ou tomar os espaços de Deus no mundo que Ele mesmo criou vemos outra citação interessante de Phillip Johnson, Darwin no banco dos réus, p 122, que diz o seguinte:
“Podemos cuidadosamente deixar a ideia tradicional do Demiurgo, pois não há evidencia científica para um Criador do mundo natural, nenhuma evidencia para uma vontade ou um propósito que vá além das conhecidas leis da natureza. Assim temos uma mensagem sem um remetente”.
Os homens não podem escapar da ideia de uma divindade, ainda que queiram apagá-la de suas memórias, ainda que queiram explicá-las naturalmente ou não, pois o senso de divindade, os cerca por todos os lados, tanto na filosofia, quanto na ciência e nas coisas mais simples e corriqueiras da vida.
Argumentos Teístas Naturalistas a respeito da existência de Deus
Há uma impossibilidade lógica de o homem conhecer a Deus por seus próprios méritos e por sua própria capacidade intelectual. O pecado afetou o homem totalmente, em suas faculdades físicas e mentais, por conta disso, os conceitos expressados pelos homens no que diz respeito a Deus e a qualquer outra coisa, são absolutamente obscuros e defeituosos.
A seguinte afirmação é relevante para a confirmação daquilo que falamos acima Adão Carlos e Alderi Matos, O que todo o Presbiteriano Inteligente deve saber, p 91
“No caso do Criador, se o próprio deus não tivesse tomado a iniciativa de se revelar, ninguém jamais o conheceria”.
O texto de Mt 11.27, deixa isso claro ao dizer: “ Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.
Portanto, esse texto deixa claro que o homem está impossibilitado de conhecer e reconhecer a Deus, exceto pela revelação que o próprio Deus faz de si mesmo aos homens. Em Rm 1.18… vemos Paulo mostrando que o pecado gerou um tipo de supressão de verdade divina na vida humana, que se estende por todas as outras percepções de sua natureza.
No entanto, ainda que o pecado tenha atingido as faculdades intelectivas do ser, o senso de divindades, semem religionis visto acima, e também o coração do homem, isso mostra, que os homens de forma geral, entram num mesmo campo comum, que podemos chamar de o quadrado de Deus, todos os seres criados estão nesse quadrado, e por conta disso, uns com maiores e outros com menores percepções, conseguem pela graça comum de Deus, ter mais entendimento a respeito do Ser de Deus e de algumas de suas qualidades.
Wayne Grudem, Teologia sistemática, p 99 diz:
“As provas tradicionais da existência de Deus, arquitetadas por filósofos cristãos (e alguns não cristãos) de várias épocas da história, são de fato tentativas de analisar as evidencias, especialmente as evidencias da natureza, de modos extremamente cuidadosos e logicamente precisos, a fim de convencer as pessoas de que não é racional rejeitar a ideia de que Deus existe”.
Todos têm um conhecimento inato que mostra que os homens estão no mesmo quadrado, o quadrado de Deus, e que o entendimento que absorvem sobre determinadas questões, é em consequência da própria luz que recebem de Deus que faz com que todos sejam indesculpáveis pelo testemunho que Ele dá de si mesmo na consciência humana.
Porém há uma variação de conhecimento passado de Deus ao homem e há também uma variação de percepções de Deus, de homem para homem que mostra no final a incapacidade humana na elaboração de conceitos corretos e verdadeiros do ser em relação a Deus. Mas percebam que isso é de se esperar, mesmo porque, o pecado atingiu como já disse as faculdades humanas, 1 Co 2. 8 “… a qual nenhum dos príncipes deste mundo compreendeu; porque se tivessem compreendido, não teriam crucificado o Senhor da Glória”.
Os homens podem “conhecer”e emitir conceitos que sejam corretos a respeito de Deus por meio das obras da natureza, mas provar a existência de Deus por meios racionais, é praticamente impossível, mesmo porque, é Deus que se dá a conhecer aos seus servos, e é aos seus servos que Deus mostra a sua intimidade. Porém homens no decorrer do tempo, por intermédio da luz que lhes foi dada, usam sua razão sendo cristãos ou não com a finalidade de provar a existência de Deus. 1 Co 2.11.
Não creio propriamente que sejamos capazes de construir pensamentos corretos a respeito de Deus sem que tenhamos as Escrituras como ponto de contato e referencia da verdade, pois os atenienses em At 17, mostraram sua ignorância sobre isso, pois conheciam um pouco de Deus e adoravam-no inclusive, no entanto, sem a participação e a mediação de Cristo, o que significa que ainda que algumas coisas que afirmavam a respeito de Deus fosse verdade, eram verdades parciais por faltar o íntimo relacionamento dessa construção religiosa, a pessoa de Jesus, o Senhor dos Senhores, que veio ao mundo, apresentar Deus para nós. Jo 10.31. Jo 14.8-10.
Como disseram Adão Carlos e Alderi Matos, O que todo o Presbiteriano Inteligente deve saber, p 87, “Isto significa que o homem, apenas com seus recursos naturais, sem a assistência do Espírito Santo, não pode compreender a Escritura Sagrada”. E, portanto, as próprias Sagradas letras nos ensinam em 1 Co 2.14 que: “o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.
Nesse sentido tenho que inclusive discordar do pensamento de Strong que disse:
“Embora o conhecimento da existência de Deus seja intuitivo, pode ser explicado e confirmado por argumentos tirados do próprio universo e das ideias abstratas da mente humana”. Strong, Teologia Sistemática, p 118.
Não creio que podemos explicar e nem muito mesmo confirmar argumentos tirados do próprio universo e nem mesmo de ideias abstratas, pois fazer isso seria correr um grande risco de expressarmos valores e conceitos equivocados a respeito de Deus. O homem natural pensa de forma naturalista e a verdade não está nele, pois a verdade deve ser entendida não como um conceito, mas como uma pessoa. Se ao homem faltar a iluminação do Espírito, nunca conseguirá mostrar conhecimento verdadeiro sobre Deus ou qualquer assunto que o seja.
Em nossa argumentação somos auxiliados por Adão Carlos e Alderi Matos, O que todo o Presbiteriano Inteligente deve saber, p 87,
“Quando falamos de iluminação, estamos nos referindo à atuação de Deus na mente e no coração do homem, através do Espírito Santo, capacitando-o para compreender o ensino da Escritura Sagrada”.
Ainda que eu não seja adepto da ideia de que podemos conhecer a Deus Verdadeiramente por meio de argumentos racionais ou provas naturais porque elas são parciais na elaboração da verdade de Deus, entendo também, que podemos falar sobre alguns argumentos, que funcionariam como ferramentas em nossas mãos, para aquilo que temos de conhecimento de verdade, baseadas nas escrituras, para entender melhor os pressupostos por detrás dos argumentos.
Mas, todavia, precisamos entender, que o melhor argumento no convencimento do homem a respeito de Cristo, é a sua própria palavra, testificada ao nosso coração, pelo Espírito Santo. Como disse o Dr. Cornelius Van Til, Defense of the faith, logos library sistem-The Works of Cornelius Van Til,
“Se a existência de Deus está baseada no testemunho das Escrituras nos segue que nosso conhecimento será conhecimento verdadeiro unicamente na extensão que corresponde a esse conhecimento”.
O conhecimento verdadeiro só é possível na medida em que a palavra de Deus agir de maneira revelatória a nós, através do Santo Espírito, porque essa palavra, é autoridade final e real para a vida do povo de Deus e para a compreensão e conhecimento verdadeiro de Deus e do mundo a nossa volta.
No entanto, para fins didáticos veremos alguns argumentos naturais que dão uma forte noção da própria graça comum aos homens, mas o que nunca podemos nos esquecer é que a Palavra de Deus é a revelação da verdade com autoridade do próprio Deus, é assim que podemos conhecer a verdade. Como o Dr. Van Til afirma:
“O homem aprende com a natureza, mas o que a natureza ensina deve ser trazido para relação com o que a Escritura ensina tendo em vista que isso pode ser devidamente compreendido”.Van Til, Defense of the faith, Logos Library Sytem.
As cinco vias de Tomas de Aquino
Tomás de Aquino conhecido como o mais sábio dos santos e o mais santo dos sábios. Nasceu numa família nobre em março de 1225 no castelo de Roca-Seca, perto da cidade de Aquino, no reino de Nápoles, na Itália. O desenvolvimento do pensamento teológico de Tomás de Aquino foi grandemente influenciado por Aristóteles. Portanto, Tomás usou a razão com muita ênfase, para demonstrar a existência de Deus, e para isto, propôs as 5 vias de demonstração. Sendo elas as que seguem abaixo:
1) É a via do movimento, e o pressuposto por detrás disso é o seguinte; “tudo o que se move é movido por outro”. Na perspectiva de Aquino, há um primeiro motor, que faz com que todas as coisas sejam movidas, não há uma relação com o infinito contínuo, porque do contrário não haveria o primeiro motor e nem mesmo os outros motores que são movidos como, por exemplo, o bastão não se move se não for movido pela mão.
É preciso chegar a um primeiro motor que não seja movido por nenhum outro, e este primeiro motor que move todos os outros é Deus.
2) Uma outra via abordada por Aquino é a da causa primeira universal, essa causa afirma a impossibilidade de uma causa ser a sua própria causa eficiente, porque, se algo pudesse causar-se a si mesmo, esse algo existiria antes de existir, não sendo algo causado, mas causando a si mesmo.
Se fossemos regredir até o infinito dentre da série de causas eficientes, não haveria causa primeira, e , assim, não haveria nem mesmo efeito, e nem causas intermediárias, o que é evidentemente falso e impossível.
Deus é a causa primeira de todas as coisas, assim como a via de movimento, a da causa eficiente, leva-nos a concluir sobre a necessidade de uma causa primeira a que chamamos de Deus.
3) A próxima é aquilo que Aquino chamou de prova da contingência. De acordo com o raciocínio de Aquino, contingência significa a possibilidade de um objeto qualquer de não ser, de não existir.
A contingência na ótica do Dr. Angélico, é tudo aquilo que pode ser como não ser. É contingente o fato de cada um de nós existirmos. Poderíamos porém, não ter existido. A contingência metafísica significa que contingente é todo ente o qual a existência não é essencialmente necessária.
Os homens são mutáveis e não têm existência própria, já por sua vez, é necessário que algo mutável seja capaz de auto manter-se e existir por si só. Dado o fato que as coisas contingentes nascem, cresce e morrem, e que todo o universo é causado por Alguém, ou um ser Supramundano, significa que nada pode começar a existir por si mesma, o que pede a existência de um Ser necessário que é Deus.
E por causa das limitações existentes na existência, observamos a necessidade de algo Supremo ocupar o lugar daquilo que é limitado, e, portanto, esse ser independente é Deus, o Ser que é necessário.
4) Aquino continua seu argumento racional tentando provar a existência de Deus através dos graus dos seres. E dentro do pensamento dele, seu argumento é o seguinte; existem coisas mais ou menos boas, existem coisas mais e menos verdadeiros, melhor ou pior.
O que é máximo num gênero é a causa de tudo que pertence a este gênero. Existe, portanto, um ser que é para todos os outros causa de ser, de bondade, de perfeição total, e este ser é Deus, é um ser que serve de referencia, que possui um modo absoluto e perfeito, enquanto os outros seres que têm um grau diverso de ser, mostra que essas diferenças essenciais refletem de ser para ser e evidenciam que suas essências recebem de outro ser que lhe concede isso, e esse ser é Deus.
5) Uma outra prova é aquilo que foi chamado de finalismo. No conjunto das coisas naturais observamos a necessidade de uma ordem regular e estável. E toda a ordem exige uma causa inteligente, que adapta os meios aos fins e os elementos ao bem do todo. Nesse sentido a obra do mundo é obra de uma inteligência ordenada chamada de Deus.
Todos os argumentos de Aquino demonstram uma revelação de Deus a luz da capacidade de compreensão humana, por intermédio de perspectivas que se formam no universo de Deus, creio que realmente podemos perceber Deus através dessas coisas, mas conhecer a Deus de fato, só será possível, na medida em que observarmos nas Escrituras aquilo que Deus fala de si mesmo.
Van Til, Defense of the faith, The Works, diz: “
Na filosofia e na apologética Romanista a razão humana pode, por si mesma, determinar a natureza e a possibilidade do conhecimento sem referencia a Deus”.
Mesmo porque, até as cinco vias de Aquino, de demonstração, são obscuras e que exigem uma forte capacidade racional e filosófica para se atingir esse descobrimento, enquanto que nas Escrituras, vemos um Deus que balbucia as palavras a nós, dando-se conhecer com Senhor e Rei.
No entanto, é importante que conheçamos esses argumentos também, mas que eles nunca fiquem sozinhos, desagregados de um crivo bíblico, na construção de um conhecimento maior por meio da palavra de Deus. Cornelius Van Til, Defense of the Faith, Works,
“Deus é luz e então nos temos luz”.
A luz que esclarece e torna as coisas palpáveis para nossa vida, funciona como base e fundamento da verdade, só na medida em que Deus é visto como sendo essa luz para minha vida e de todo a sua criação.
Chafer, Teologia Sistemática, V l1-2, p 169 colabora com nossa argumentação ao dizer:
“Os argumentos teístas naturalistas, ou os argumentos baseados na razão, tentam apenas um campo limitado de demonstrações. A existência, a personalidade, a sabedoria, e o poder de Deus estão em vista; mas nenhuma prova da natureza ou da razão pode ser inferida para provar ou estabelecer o fato do amor e da graça de Deus”.
Ainda dentro dessa mesma linha de raciocínio veremos outros pensamentos filosóficos que trazem uma visão de observação natural na conclusão da existência de Deus, através da revelação natural e creio que observação, é um termo melhor usado do que racional, por que dá a ideia de que as Escrituras não se encaixariam dentro dessa mesma espécie de raciocínio, o que não é verdade, pois usamos o raciocínio com muito mais exatidão para o conhecimento da revelação especial de Deus, do que os outros.
Os argumentos usados na comprovação da existência de Deus que são restritos às limitações da observação naturalista são classificados de maneira dupla o qual Chafer, Teologia Sistemática, p 169 chama de “…argumentum a posteriori e o argumentum a priori”.
A diferença entre um e outro é que o argumento a posteriori é indutivo em seu procedimento conformando-se mais naturalmente com os processos da razão humana partindo dos particulares para o principio geral, enquanto que o argumento a priori faz o caminho contrário. Ele faz o caminho da dedução partindo do geral para o particular.
Alguns exemplos de argumentos indutivos com o propósito de entendermos melhor qual o procedimento que ele segue:
a) A prata é bom condutor de eletricidade. A platina é um bom condutor de eletricidade. O cobre é bom condutor de eletricidade. Todos os metais são bons condutores de eletricidade.
Já os argumentos dedutivos partem de outra perspectiva para explicar seus propósitos.
b) Todo o mamífero tem um coração. Todos os cavalos são mamíferos. Todos os cavalos tem um coração. Os argumentos dedutivos são aqueles cuja conclusão deriva diretamente das premissas. No dedutivo a conclusão não diz nada além do que foi dito nas premissas. Veremos argumentos de observação racionalista, indo a ambas as direções sendo que o Dr. Chafer, Teologia sistemática, Vl1-2, p 170 diz o seguinte sobre eles:
“Há três argumentos principais a posteriori usualmente oferecido no teísmo naturalista- o cosmológico, o teleológico, e o antropológico.
O argumento ontológico é o único argumentum a priori que os mestres têm desenvolvido no campo do teísmo naturalista”. Observemos agora alguns desses argumentos:
O Argumento Cosmológico
Esse argumento considera o fato de que toda coisa conhecida no universo tem uma causa. Tudo o que começa, quer substancia, que fenômeno, deve sua existência a alguma causa produtiva que deus início aquilo que existe.
Dr. Heber, O Ser de Deus e Seus atributos, p 38 nos acrescenta o seguinte:
“A palavra grega Kosmos significa um arranjo ordenado”.
E sendo desta maneira, um arranjo ordenado, tem que necessariamente ser causado e precisa ser sustentado por Alguém de fora e maior que ele.
Chafer, Teologia sistemática,p 171, diz:
“O argumento cosmológico depende de três verdades contribuintes: a) que cada efeito deve ter uma causa; b) que o efeito é dependente de sua causa para a sua existência; e c) que a natureza não pode produzir por si mesma”.
O Dr. Vicente Cheung, Introdução à Teologia Sistemática, p 55.
“O universo tem início e, portanto, deve ter uma causa. A regressão infinita de causas é impossível; logo, deve haver causa primeira sem começo, mas necessária e eterna”.
O universo foi formado ele veio a existência e isso exige necessariamente que algo que veio a existência tenha um autor, que iniciou isso, é necessário que o universo que existe, tenha alguém que o produziu. Se fossemos evolucionistas diríamos que veio de um Big Bang ou coisa parecida, mas como cristãos cremos que ele veio pelo poder da palavra de Deus. O que faz toda diferença na análise que temos do mundo e das cosias.
Nada no mundo veio a ser por si só, afirmar isso, seria o mesmo que afirmar que essa coisa que veio a ser por si mesma, foi capaz de agir sem que tivesse existido antes, o que se configura numa impropriedade lógica. Portanto, se o mundo está ai, veio de alguém e esse alguém é Deus. Gn 1.1; Hb 11.3;
Argumento Teleológico
O argumento teleológico apresenta a evidencia de que Deus existe a partir da presença da ordem e da adaptação no Universo. Há um propósito no universo, e esse propósito leva a conclusão da existência de Deus.
Tudo o que é projetado preciso de um projetista, de alguém que tenha dado vida e existência as coisas que no mundo existem. Como disse o Dr. Vicent Cheung, Teologia Sistemática, p 60.
“A magnitude e a complexidade da criação demonstram seu poder e sua sabedoria”.
Quando a luz penetra em nossa mente nos levando a perceber logicamente a sintonia presente no universo, logo se percebe que por detrás disso tem algo maior e bem mais complexo.
Wayne Grudem, Teologia sistemática, p 99 diz:
“Como o universo parece ter sido planejado com um propósito, deve necessariamente existir um Deus inteligente e determinado que o criou para funcionar assim”.
Chafer, Teologia Sistemática,p 177 também colabora conosco ao dizer:
“O termo teleologia é composto de télos e logos; assim, significa a doutrina dos fins ou o propósito racional. O princípio que é adequado ao argumento cosmológico não é abandonado, mas, ao ser construído sobre esses princípio, o argumento teleológico continua estabelecer, por evidencia racional, a inteligência e o propósito de Deus como manifestos no desígnio, função e consumação de todas as coisas”.
E desta forma percebemos que somente pela sabedoria e direção de Deus, é que o universo e todo o ser criado tem condições de viver e se mover no mundo de Deus, nada pode dar propósito a sua vida, mesmo porque, isso significaria que o homem poderia conduzir-se a si mesmo, o que não é verdade. Jr 10.12; Jr 27.5; Sl 104.24
A filosofia naturalista tenta explicar tudo pela ótica científica, a psicanálise freudiana busca coerência para as coisas a partir da capacidade humana e seus sentimentos emocionais, o Marxismo pelo pensamento econômico de má distribuição de renda, porém os cristãos percebem que tudo foi organizado com competência e perfeição pela ação de Deus.
Argumento Antropológico
Com base na própria constituição humana que envolve as nossas questões pessoais, sentimentais e emocionais, percebemos que Deus é um ser com qualidades morais, o que demonstra inclusive Ele como sendo um ser relacional.
Temos evidencias através dos aspectos morais presentes em nós, de um Deus do qual nós derivamos com base mesmo na analogia da nossa existência, de ser um Ser moral como nós somos. Tanto a nossa sensibilidade e nossa vontade e todas as questões relacionadas a nossa existência e capacidade cognitiva e racional, nos levam direto a conclusão da existência de um Deus.
A vida humana desenvolveu-se a partir da ação poderosa e criativa de Deus, ela não existe por nada e sem propósito como já vimos nos argumentos Cosmológicos e Teleológico, e, portanto, o que compõe o homem é tanto físico quanto espiritual, mostrando indivisibilidade do ser, a partir da própria referencia de Deus. Na morte vemos o homem dividindo-se o que demonstra que aspectos puramente físicos evidenciados através do homem, por exemplo, um simples aperto de mão, não poderá por um determinado tempo acontecer.
Por outra, também observamos que aspectos espirituais nunca deixarão de ocorrer até mesmo por causa da extensão da espiritualidade de Deus ao homem, fazendo com que este último, seja um ser ainda que separado de si mesmo, capaz de adorar a Deus e servi-lo. Ap 6.11. Oraram.
Dr Heber Campos, O Ser de Deus e Seus Atributos, p 36, diz:
“O ser humano possui uma natureza intelectual e moral que pressupõe a existência de um Criador e Legislador”.
A moralidade e a intelectualidade do homem, estão absolutamente ligadas a perspectivas de espiritualidade e fisicalidade, fatos que expressam um homem composto daquilo que é material e imaterial. Sendo os homens inclusive capazes de discernirem entre o certo e o errado, como um amostra dos valores morais que Deus coloca em seus próprios corações, o que os leva a concluir em suas consciências ainda que nebulosas a respeito da existência de Deus.
Como bem disse Chafer, Teologia Sistemática 1e 2,p 184.
“- o argumento antropológico indica que os elementos que são reconhecidos como propriedades inatas do homem devem ser possuídos por seu Criador”. Sl 94.9-10.
Argumento Ontológico
Este argumento infere a existência de Deus a partir da necessidade presente em nosso pensamento. Deus está presente na mente humana, interagindo com sua presença forte, marcando objetivamente todo o nosso ser, o que aponta para a existência e realidade de Sua presença. Ninguém pode escapar de pensar em Deus e em sua existência, nem mesmo os ateus, porque ao fazerem isso, na verdade, o que estão tentando fazer, é abafar a voz de Deus falando em suas consciências.
Chafer, Teologia Sistemática 1 e 2, p 186 diz:
“Conforme este argumento, a existência de Deus é certificada pelo fato de que a mente humana crê que Ele realmente existe”. E seguindo este mesmo raciocínio o Dr. Heber, O Ser de Deus e Seus atributos, p 35 afirma: “Os seres humanos não somente têm em sua consciência a ideia de um Deus, mas eles gostam da ideia de um Ser supremo”.
A essência humana está tão inconfundivelmente marcada pela indestrutível presença de Deus que nem mesmo no céu, ou no inferno, lugares que os homens irão depois da morte, conseguirão verem-se livres dela. Sl 139. Rm 2.14-15.
Conclusão sobre os argumentos
Os argumentos teístas são úteis quando empregados num confronto de premissas cridas por incrédulos sendo que, a partir daí, podemos usar desses argumentos para demonstrar a falsidade dos argumentos deles.
Os argumentos teísta mostram inclusive certa capacidade racional e um arranjo lógico elaborado, mas não são capazes de levar pessoas a crerem em Deus por si só. A infalibilidade do argumento sempre será uma exclusividade do Espírito Santo, que fará com que seus servos, eleitos sejam dobrados diante da Palavra de Deus, sempre que Ele quiser.
Como parte da apologética esses argumentos são muito úteis principalmente quando partimos de pressupostos bíblicos para fortalecê-los, mas nunca devemos imaginar que esses argumentos são capazes de conduzir os homens a Cristo. Isso quem faz é a graça regeneradora de Deus.
O pecado atingiu o ser humano em toda a sua totalidade, o homem ficou impossibilitado de ter um conhecimento correto da verdade de Deus ainda que sua inteligência seja diferenciada, porém, aqueles que foram transformados por Deus, sempre sairão na vantagem quando a luz da verdade das Escrituras, usarem tais argumentos Pv 26.4,5.
Os Nomes de Deus.
Os nomes de Deus em Geral.
Quero começar este assunto, fazendo a citação do Dr John Gill, que com muita clareza e sobriedade, nos dá um entendimento relevante a respeito do estudo dos nomes de Deus e de sua necessidade de apresentação. John Gill, A Body of Doctrinal 7 Pratical Divinity, Chaper 3, Of ther Names of God, Book 1.
“Tratar sobre a existência de Deus, e das coisas de Deus, é próprio começar com seus nomes: os nomes de pessoas e coisas são usualmente a primeira coisa que conhecemos a respeito delas; e se elas não forem conhecidas, não teremos muita coisa conhecida delas; e onde o nome de Deus não é conhecido, ele mesmo não pode ser conhecido e por isso a consideração de seu nome, ou nomes, é digno de respeito, porque eles servem para conduzir-nos a respeito de algum conhecimento de sua natureza e perfeições…”
Os nomes de Deus revelam em muito a nós a respeito de Seu caráter e Seu Ser. Os nomes de Deus apresentam-no a nós numa dimensão muito a maior e bem mais ampla, por meio do que Deus têm a nos falar de si mesmo por si mesmo em sua Santa Palavra.
Em Ex 3.14, quando Moisés pergunta a Deus o seu nome Deus diz:
“Eu Sou o que Sou. Eu Sou o Senhor”.
Algo fantástico é demonstrado aqui, e que faz a diferença entre o Deus Todo Poderoso e os outros deuses, e que está presente no fato de Deus, Ser impar, Supremo, Soberano, indefinível e não se preocupar em provar a ninguém o que Ele é.
Simplesmente Deus mostra a Moisés que é. E isso fez toda a diferença porque deus mostrou a Moisés que não há uma apresentação definida e objetiva capaz de esgotar-se numa única palavra aquilo que Ele é. Ele simplesmente é. Os nomes de Deus são predicados, que falam a respeito de Deus ou de seus atributos, como Santo, Justo, Bondoso etc.
Berkhof, Teologia Sistemática, p 49.
“Deve-se este uso ao fato de que, segundo o pensamento oriental, jamais um nome era considerado como simples vocábulo, mas, sim, como expressão da natureza da coisa designada”.
E o Dr. Berkhof continua:
“Saber o nome de uma pessoa era ter poder sobre ela, e os nomes dos diversos deuses eram utilizados nos encantamentos para se exercer poder sobre eles. Então no sentido mais geral da palavra, o nome de Deus é a Sua auto-revelação”.
Portanto, o nome de Deus é um designativo dele, é óbvio que não como Ele existe nas profundezas de seu Absoluto Ser divino, mas especialmente como Ele se revela a nós para assim ser conhecido. Don Fortner, The Names of God, www.monergism.com, disse:
“ Os nomes aplicados por Deus nas escrituras descrevem Seu glorioso caráter, revelam seus grandes atributos, e mostram seu propósito redentivo”.
Ou seja, Deus revela-se de forma impar e magnífica, se autonomeando como um Ser Supremo e transcendente, mas ao mesmo tempo, mostra a sua relação conosco nos momentos de absoluta interação e presença marcante, por meio de seu cuidado e proteção em nossas vidas.
Os nomes dados aos nossos filhos dentro de nossa cultura ocidental nem sempre vêm carregados de significado e impacto, mas sempre que um nome foi dado no passado aos homens na cultura semítica eles correspondiam exatamente às características deles em momentos e situações específicas. Adão, por exemplo, significa terra vermelha, e indica a Sua existência criada por Deus do pó da terra.
Quando falamos de Jacó, no que se refere ao seu nome, o significado dele, por ter saído por ultimo segurando no tornozelo de seu irmão significa suplantador, mas depois de sua conversão tornou-se Israel, príncipe de Deus.
Mas quando os nomes se referem a Deus, mostram uma mensagem caracterizada do próprio Deus, dando-se a conhecer num determinado momento e situação da vida do povo de Deus. Berkhof, Teologia Sistemática, p 49. “Os nomes de Deus não são uma invenção humana, mas têm origem divina, embora tomados da linguagem humana e derivados das relações humanas e terrenas. São antropomórficos e assinalam uma condescendente aproximação de Deus ao homem”.
Os nomes de Deus No AT.
Elohim
O primeiro nome que aparece no AT, referindo-se a Deus é Elohim, logo no começo do Gênesis, vemos Deus mostrando seu nome que é um dos mais comuns presentes nas Escrituras Sagradas. Gn 1.1 a palavra ocorre pela primeira vez e depois de lá com frequência ele aparece em outros lugares.
Algumas vezes aparece referindo-se a anjos, falsos deuses, homens e assim por diante, mas de maneira própria, unicamente a Deus Sl 8.5, 82.1,6 Jr 10.11. Elohim, é plural de El, que significa aquele que é forte.
Mas John Gill, A Body of Doctrinal 7 Pratical Divinity, Chaper 3, Of ther Names of God, Book 1, dá um sentido do nome Elohim dizendo:
“A palavra Elohim pode ser melhor deduzida para uma palavra na linguagem arábica, que significa adoração a Deus, é assim que pensam muitos homens eruditos…”
O Dr. Heber Carlos, O Ser de Deus e Seus Atributos, p 81, por sua vez nos diz: “Enfatiza a ideia majestosa de Deus num tom superlativo. Elohim é o nome mais usado e aparece mais de 2.200 vezes no Antigo Testamento”.
Não creio que haja algum problema ou mesmo conflito na definição de Gill ou de Heber Carlos, creio mesmo que as duas perspectivas se completam de certa forma, pois se adoramos a Deus, isso fazemos por reconhecer sua majestade e supremacia em gênero e grau em relação a nós.
Nosso Deus é majestoso e sublime e, portanto, prostramo-nos diante Dele em adoração e submissão, reconhecendo sua infinita distancia de nós e ao mesmo tempo, reconhecendo sua profunda presença conosco, devido a isso, nosso Deus é o Elohim, único digno de ser exaltado. Is 45.18, 54.5, Jr 32.27.
A Composição do nome El.
O nome El é genérico e, portanto, aparece associado a vários outros nomes do AT e um de seus propósitos de acordo com Dr. Heber Carlos, O Ser de Deus e Seus Atributos, p 81, é: “…ajudar na distinção entre o Deus verdadeiro e os falsos deuses das religiões estranhas de Israel”.
Existem vários nomes que começam com a composição El no AT e analisaremos somente alguns com a finalidade de procurarmos um melhor entendimento sobre a importância e o significado deles, no instante em que Deus se auto-nomeia com estes nomes.
El-Shaddai.
O nome El-Shaddai têm um significado muito expressivo dentro dos textos em que ele aparece. Shaddai é derivado de Shadad, ser poderoso, e indica que Deus possui todo o poder tanto no céu como na terra.
É com este nome que Deus aparece a Abraão em Gn 17.1, episódio em que Deus, muda-lhe o nome, e lhe ordena que fosse obediente a sua palavra. Deus mostra-se como o todo poderoso, com a finalidade de deixar claro a Abraão que não existe nada que limite a sua atuação na história, nem mesmo um casal de velhos, aparentemente estéreis, seriam capazes de gerar filhos novamente.
Deus é o Todo Poderoso, não precisa de ninguém, não necessita receber nada de ninguém, Ele é suficiente e é capaz de suprir todas as necessidades alheias, porque o Senhor é Todo Poderoso, inigualável em poder e força, imbatível. Apesar de esse nome demonstrar grandiosidade e poder, ele não apresenta Deus como objeto de terror e temor, mas como fonte de felicidade e consolação a todos os que enfrentam momentos difíceis, quando precisam de direção e graça.
Como bem disse o Dr. Heber Carlos, O Ser de Deus e Seus Atributos, p 82, “Em algumas ocasiões, o nome EL-Shaddai, é usado pelos patriarcas para lembrar aos ouvintes as promessas feitas a Abraão e, assim, proporcionar-lhes encorajamento e consolo (Gn 28.3; 43.14; 48.3)”.
Fortalecendo ainda mais essa ideia e nos ajudando a perceber a sublimidade desse nome o qual Deus quis revelar-se aos seus servos, Don Fortner, The names of the God, www.moneergism.com , disse: “El-Shaddai é Deus capaz de salvar, capaz de fazer sua vontade, capaz de derramar suas bênçãos sobre seu povo”.
O Deus Todo Poderoso é aquele em quem podemos confiar, quando as coisas a nossa volta passarem a ideia de demolição e incerteza, quando ao nosso redor a perspectiva for de escuridão e desalento, quando tudo a nossa voltar parecer ruir, nunca devemos nos esquecer que o nosso Deus é o Todo Poderoso, é o Deus de Abraão e de todos os patriarcas, é o nosso Deus.
El- Elyon.
A tradução de El- Elyon é Deus Altíssimo, e aponta para a força e o poder de Deus, o que mostra o distanciamento entre o Deus que é Altíssimo e nós, pequenos homens, pecadores. Ele deriva da palavra álah, que quer dizer, subir, ser elevado, designando o Senhor como Deus Altíssimo e Soberano.
Esse nome aparece pela primeira vez nas Escrituras em Gn 14.18-23 após Abraão ter resgatado Ló e sua família depois de serem cativos por algum tempo pelos reis daquela região conforme o texto de Gn 14, a palavra El- Elyon ali aparece mais de três vezes, nos vs de 18-23, identificando Deus como um Ser Supremo, que dá vitórias ao Seu povo, mostrando sua ação impar, ainda que seu povo encontre-se em desvantagem.
O Deus Altíssimo é quem está a frente de seus servos, a palavra também aparece outras vezes nas Escrituras em Nm 24.16; Is 14.14, no Sl 110, também no Sl 95.3. Quando aparece vemos o distanciamento entre o que é Altíssimo daquilo que nós mesmos somos.
Deus sendo o Altíssimo mostra-se não só como Deus que tem todas as coisas centradas em suas mãos, mas também como aquele que domina sobre todas as coisas, fazendo com que seus servos descansem Nele em qualquer que seja a circunstância e o momento em que passarmos. Com o Senhor Altíssimo podemos contar e saber que seremos vencedores, pois é Ele que nos dá a vitória e não as nossas habilidades.
El-Olam.
El-Olam pode ser traduzido como o Deus Eterno, poucas são às vezes em que eles aparecem na bíblia, mas este nome indica a constância e a inalterabilidade de Deus. Como bem disse o Dr. Heber Carlos, o Ser de Deus e Seus Atributos, p 83,
“Há somente duas referências a esse nome no Antigo Testamento (Gn 21.33 e Is 40.28). Esse nome indica a imutabilidade e a constância de Deus, e também é ligado à ideia de sua inexauribilidade”.
O fato de Deus ser Eterno mostra que Ele é capaz de manter as coisas exatamente do modo com que Ele determinou que acontecessem. E no contexto do Gn 21.33, vemos Deus sendo conhecido pelos seus atos portentosos diante de povos e tribos que cresciam ao redor de Abraão, mas que viam o servo de Deus também crescendo e expandindo suas riquezas e poder, com a benção de Deus.
Já em Is 40.28 o profeta alude ao fato de a majestade de Deus retratada em vários exemplos de supremacia e grandeza, demonstrando ainda os seus próprios atributos por intermédio de seu Santo Nome, o vs 28 diz, não se cansa e nem se fatiga, o que expressa a eternidade sublime de Deus, alguém que não é vencido por nada e nem por nenhuma circunstância.
Não existe nada que seja capaz de gerar em Deus o Eterno alguma variação e nem mesmo demonstra Nele alguma suscetibilidade. Deus permanece o mesmo, não podendo ser atingido por absolutamente nada que corresponda a limitações, por que do contrário Ele deixaria de ser eterno para ser como qualquer um de nós.
Tenha confiança num Deus desse porte, Ele é o único Senhor e Rei, nada pode abalá-lo ou impor sobre Ele necessidades e carências. Por isso, quando passarmos por problemas e crises, quando enfrentarmos momentos de dor e ansiedade, busquemos no Senhor o refúgio, pois Alguém que é Eterno, também tem domínio sobre tudo o que existe e que acontece em nossa vida, aprendamos a confiar Nele.
Adonai.
Um outro nome a ser observado nesse momento é Adonai. Este nome relaciona-se com os anteriores, quanto ao seu significado. O que mostra a grandeza e supremacia de Deus vista por meio de seus santos nomes. Berkhof, Teologia Sistemática, p 50 diz:
“É derivado de dun (din) ou de ’adan, ambos os quais significam julgar, governar e, assim, revelam Deus como Governante todo-poderoso, a quem tudo está sujeito e com quem o homem se relaciona como servo”.
Realmente há um paralelo enorme entre os nomes de Deus, pois acabam sempre apontando atributos de soberania de Deus, por meio dos quais podemos e aprendemos a conhecê-lo melhor.
John Gill, A Body of Doctrinal 7 Pratical Divinity, Chaper 3, Of ther Names of God, Book1, diz o seguinte:
“ A palavra Adom significa a base, ou o suporte de todas as coisas. Assim como reino na linguagem grega é chamado de Basiléia, porque ela é a base e suporte de seu povo, assim Deus é o suporte de todas as suas criaturas; ele sustenta todas as coisas pelo poder de sua palavra”.
Este nome pelo que tudo indica aparece pela primeira vez em Gn 15.2, quando Abrão faz sua súplica diante de Deus por um filho e Deus disse que daria um filho a ele. Gn 15.2-10. Isso aconteceu logo depois da vitória sobre os reis que aprisionaram Ló seu sobrinho, e o que Deus faz é deixar claro a Abrão, que as coisas estavam sob controle. Não sobre o controle de um homem, limitado, o que é auto-evidente pelas próprias necessidades que este mesmo homem não seria capaz de cumprir, no caso de Abrão ter um filho.
No entanto, vemos Deus claramente mostrando que tinha controle sobre tudo e que daria um filho a ele. Deus é quem governa sobre todas as esferas da vida humana, o que significa que nada pode acontecer sem que a ação de Deus esteja no comando da vida.
É curioso notar o quanto os nomes que falamos até agora, tem uma ligação direta com o nosso patriarca Abraão, o que dá a ideia de que esse nosso Deus, é Alguém que cuida e ampara seu povo, mostrando-se a eles no decorrer da história como um Ser absolutamente Soberano. Don Fortner, The names of the God, www.monergism.com, diz o seguinte:
“Em Gn 15.2, Abraão chama Deus pelo nome de Adonai, que deu a ele a promessa da semente pactual. Adonai significa causa, ou suporte. Verdadeiramente, Adonai é um nome adequado para nosso Deus. Ele é a causa original de todas as coisa Rm11.36. E nosso Deus suporta e mantém todas as coisas (Hb 1.3). A Ele sustenta seus santos com mão reta e sua justiça Is 41.10”.
Adonai retrata a perspectiva do Deus que governa que reina que determina e faz acontecer todas as coisas de acordo com o poder de sua santa palavra e ao mesmo tempo, nunca se esquece das necessidades de seus servos. Sempre podemos contar com o Deus governador, nos momentos mais difíceis pelos quais passamos, O Senhor é a nossa base, é a causa de tudo o que acontece no universo criado.
O que deve trazer alento ao nosso coração nas situações difíceis e estranhas pelas quais passamos. Não há acasos no mundo de Deus, e por isso, podemos crer sempre que em tudo seremos assistidos e amparados pelo Senhor.
Jehovah.
O famoso nome de Deus é Jeová, esse é o nome que ele tomou para si mesmo e afirmou como sendo dele, Ex 6.3, é o nome peculiar do Senhor é um nome incomunicável a qualquer outro SL 83.18. O nome Jehovah é um nome predicativo de Deus, que o qualifica como sendo Auto-existente.
Berkhof, Teologia sistemática, p 51 diz:
“ É especialmente no nome de Jehovah, que gradativamente superou os nomes anteriores, que Deus se revela o Deus da graça. Sempre foi tido como o mais sagrado e o mais distintivo nome de Deus, o nome incomunicável”.
Como disse John Gill, A Body of Doctrinal 7 Pratical Divinity, Chaper 3, Of the Names of God, Book1,
“Ele é escrito com quatro letras unicamente; então os Judeus chamam isso de tetragramação, e é muito provavelmente o tetraktuv de Pitágoras, pelo qual eles juraram; e isso é notável, que a palavra de Deus é assim escrita em quase todas as linguagens; denotando pelo seu poder, que ele é o Deus de todo o universo (quatro cantos) e por isso deve ser adorado e servido, e seu nome é grande e deve ser reverenciado nos quatro cantos do mundo; no passado, no presente e no futuro…”
Jehovah, portanto, é o nome de Deus que mostra a essência do Seu Ser, está ligado a sua imutabilidade de promessas e reflete a questão pactual entre Deus e seu povo, como um Deus que cumpre e nunca se esquece de suas clausulas contratuais.
Em Ex 3.13-14, o Senhor aparece a Moisés e diz que é o EU SOU. Referindo-se a sua imutabilidade e salvação. Nele não há variações e nem sombra de mudanças, Deus é ternamente o mesmo, o Deus que não muda. Ml 3.6, Hb 13.8, Tg 1.17. O nome Jehovah mostra a essência e o ser de Deus, seu caráter intimo e ao mesmo tempo próximo de seu povo, sempre atento as suas necessidades e disposto a fazer algo de bom aos seus servos.
Heber Carlos, O Ser de Deus e Seus Atributos, p 86, colabora dizendo:
“O nome Iavé, indica uma eterna presença em um contexto de redenção, um Deus que cumpre as promessas do pacto feito com seus antepassados na fé. Porque Deus é EU SOU, o Deus sempre presente, sua promessas de salvação são eternas”.
Com isso percebemos a proximidade e o cuidado de Deus com o povo pactuado, ainda que este povo aflito e desesperado por alguma situação, venha inclusive duvidar de sua presença, Iavé é o Deus presente conosco.
E. H. Bancroft, Teologia Elementar, p 32, diz:
“Toda a história dos filhos de Israel gira em torno do pacto que Deus estabeleceu com eles no Sinai. Esse pacto consistia de duas clausulas: Primeira, Serei vosso Deus; segunda, Sereis meu povo”.
Esse nome mostra o cuidado pactual de Deus ao seu povo e o quanto esse mesmo Deus é cuidadoso e bom para conosco, revelando da mesma forma, o caráter e ser do Santo de Israel.
Como bem disse Bekhof, Teologia Sistemática, 51,
“É especialmente no nome Yahweh, que gradativamente superou os nomes anteriores, que Deus se revela o Deus da graça”.
Nomes Compostos de Yahveh.
Há vários nomes na bíblia compostos da palavra Yahveh, e veremos neste momento alguns deles e seus importantes significados dentro do contexto em que aparecerem e na relação deles com as doutrinas bíblicas aos quais ele se refere.
Jehovah Jireh: O Senhor proverá Gn 22.14.
Esse nome revela a providencia pessoa de Deus ao seu povo, o seu cuidado e proteção providenciais na perspectiva de que o Senhor nunca deixa seus servos sem amparo. A providência do Senhor mostra Deus cuidando das necessidades de seu povo.
Quando pela graça de Deus entendemos que a questão providencial de Deus, atua com um propósito de sustentação e proteção na vida de seu povo, vemos nisso o conforto de sabermos que seja qual for à situação, o Senhor nunca nos deixará entregues a própria sorte.
O episódio em que aparece o nome de Jeová Jire é o mesmo de Abraão ter oferecido ao Senhor o seu filho Issac, muitas crises e aflições provavelmente passaram no coração dele, inclusive quanto a sua esposa Sara, mas o cumprimento da ordem de Deus é maior do que a própria guarda de nossa vida. Quando entendemos assim, aprendemos com mais clareza e sinceridade, confiar no Senhor, que sempre proverá.
Deus nunca quebra suas promessas, Deus não altera sua palavra, e ainda que a tragédia estivesse armada, Deus daria um jeito na resolução daquele problema, porque, Deus é o Deus da providência, sendo que nada escapa ao seu comando e os seus servos, sempre serão alvo de sua inteira graça e amor. Aqueles que creem no Senhor nunca serão envergonhados Rm 10.11.
Don Fortner, The Names of God, www.monergism.com, diz o seguinte:
“Se dificuldades se levantarem como montanhas diante de você, de forma que o seu caminho pareça estar completamente fechado, Deus verá o caminho claramente. Caminhe no caminho da obediência e, quando caminharmos, todos os obstáculos cairão diante de você”.
O Senhor da providencia é quem nos conduz em direção aquilo que lhe agrada, dando-nos sempre a luz no final do túnel, para sairmos das situações embaraçosas e complicadas, para aprendermos por meio delas, que o Senhor usa circunstancias das mais adversas, para trabalhar e tratar da nossa vida.
Jehovah Rapha. O Senhor que cura. Ex15.25,26.
Esse nome aparece no final do vs 26, mas é interessante observarmos o contexto, para entendermos um pouco mais amplamente a ideia por detrás do nome. Israel atravessou o mar vermelho, entraram no deserto de Sur vs 22, e ficaram no deserto, sem beber água durante três dias.
Depois de andarem esses dias todos, chegaram a um local chamado de Mara, cerca de 80 Km pela costa ocidental do monte Sinai e o povo reclamou, queixou-se das tremendas dificuldades que enfrentaram. Moisés utilizando-se de seu papel intercessor, pediu a Deus que ajudasse o povo naquele momento tão cruel, Deus mandou cortar uma árvore e jogar no Rio, para que as águas pudessem ser tomadas, bebidas por todos.
E foi exatamente o que aconteceu, as águas ficaram boas para se beber e em decorrência disso, Deus dá a eles advertência sobre a importância de agirem em obediência e fidelidade a Ele, o que sendo feito, com certeza, traria a benção de Deus sobre suas vidas, pois Deus, é um Deus que cura.
Cura as dificuldades e problemas do povo e dá uma nova dimensão de vida, fazendo com que o povo de Deus, veja possibilidades onde elas aparentemente não existem. Aqueles amados em Mara estavam agonizantes, fracos, sem água num deserto escaldante há dias, desfalecendo e desidratados absolutamente escaldados por um enorme calor, mas Deus é quem cura seu povo, Deus é quem alenta seu povo. Sl 34.6, 3.1-8.
Vemos por meio disso, um cuidado todo especial de Deus na restauração da saúde e da enfermidade de uma pessoa. Deus é o Senhor que Cura, o que significa que Ele atua beneficamente em direção de Seu povo, ajudando-nos em toda e qualquer circunstância.
Don Fortner, The Names of God, www.monergism.com, disse:
“Nossas aflições têm uma razão. E a razão porque Deus traz aflições para vida dos santos é para que o conheçamos como Jehovha-Rapha”.
Deus é quem torna as águas amargas da nossa vida, sejam elas ocasionadas por doenças ou qualquer outro tipo de problema ou não, em águas doces e refrescantes para a nossa alma.
Jehovah Nissi O Senhor é a nossa bandeira (Ex 17:15)
O texto sob o qual o nome de Deus aparece mostrando-se como Senhor nossa Bandeira, é interessante. Os amalequita vieram sobre os filhos de Israel, liderados por Amaleque, e Moisés mandou Josué escolher homens de guerra, os quais foram escolhidos com muita propriedade.
Depois enquanto Moisés ficava com o braço levantado, os Israelitas ganhavam a luta, quando Moisés cansado ameaçava abaixar os braços os exércitos de Amaleque vencia, a ponto de colocarem pedras embaixo dos braços de Moisés para que ele não os arriasse.
No final da batalha, Moisés entendendo que na verdade é Deus quem sustenta seus filhos na guerra, é Deus quem dá suporte aos seus filhos, mantendo levantada suas bandeiras num sinal de vitória do povo que empunha a bandeira, Moisés faz a afirmação de que o Senhor é a nossa bandeira.
As dificuldades que enfrentamos na vida é muita grande, há momentos em que nossos braços e pernas começam a dobrar, são situações engendradas por inimigos com muita força contra nós, mas quando nossos braços e pernas começarem a dobrar, Deus se mostra o sustentador da vida de seus povo.
Como disse Heber Carlos, O Ser de Deus e Seus Atributos, p 87,
“Iavé é o Senhor das batalhas e a vitória é dele somente; nós somos exortados a guerrear as guerras do Senhor, lutando do lado da justiça e da decência”.
E.H.Bancroft, Teologia Elementar,
“A sugestão é que o povo deveria concentrar-se ao redor de Deus, como o exército se concentra em torno de sua bandeira”.
Jehovah Shalom, O Senhor é a minha paz Jz 6.24.
Aqui vemos o nome que revela Deus, como aquele que nos proporciona paz de forma pessoal. Paz em nosso coração, mente, consciência e tudo mais, em todos os departamentos da nossa alma, Deus é a nossa paz.
Esse nome aparece em Jz 6.24 quando Gideão depois de uma profunda convicção do seu chamado para a direção do povo na vitória contra os Midianitas, ele reconhece o quanto de fato, o Senhor é quem proporciona a paz na vida de seu povo.
Foram mais de sete anos de perseguição, tendo inclusive que amassar 6.11 trigo no lagar, eram roubados em seus direitos de criar gados, ovelhas e tudo mais, 6.1-10. Mas desta vez, a história seria outra, Deus levantou Gideão para dar paz e vitória ao povo, e de maneira absolutamente pessoal, Deus revela-se a Gideão como o Deus da paz.
Os servos de Deus devem descansar na presença de Seu Senhor, o Deus da paz, dessedenta seus servos da canseira, da opressão, do combate e de tudo o mais que tente desestruturar os servos do Senhor. Esse título também pode ser traduzido como: “O Senhor que é a paz do Seu povo”. Infelizmente muitos entre o povo de Deus, vivem de maneira angustiada, sem objetivo e propósito esquecendo-se do servir a Deus em fidelidade e verdade.
Vemos com isso, muitos cristãos, amargurarem a alma, com uma secura imensa no coração, pois se esquecem que a paz verdadeira vem do Senhor para nossa vida.
Os homens são nascidos em guerra, todos os homens estão em contenda com Deus, Zc 11.8 e Deus também está em contenda com os homens Rm 8.7, a contenda é universal e a ira do homem contra seu criador é um fato. Deus odeia o pecado, mas ama a justiça, portanto, em Cristo somos amados por Deus e sem Cristo, somos consumidos pelo ardente fogo do Senhor. A nossa fé em Cristo não causa o amor de Deus em nós, a nossa fé em Cristo, resulta na manifestação de amor de Deus para nós 1 Jo 4.19, Hb 11.1.
Cristo é a nossa paz, aproximou-nos de Deus e abriu para nós portas de relacionamento pacífico com o Senhor. Portanto, o Senhor é a paz do Seu povo, sejam quais forem os problemas que passamos, Deus é a nossa paz, creia nisso para nunca desesperar-se.
A inquietação do coração humano, só poderá calar quando este coração encontrar no Senhor a paz que tanto carece. Agostinho, Confissões, L1, Pg 1, disse: “…fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti”.
Jehovah Rohi, O Senhor é meu pastor (Sl 23.1).
Esse nome aponta para um relacionamento de intenso amor e graça de Deus em direção aos seus eleitos. Desde toda a eternidade o Filho aceitou fazer a obra de redenção substitutivamente em favor de seu povo eleito, o que significa que a plenitude do amor e da condescendência e graça de Deus são perceptíveis claramente por meio deste grandioso nome. Jo 10.14-18.
Quando pensamos um pouco a respeito do Sl 23, vemos o salmista Davi mostrando claramente o seu interesse e proximidade para com seu povo. O Senhor é pastor de seu povo, e este povo que é pastoreado pelo Senhor, nunca sentirá falta de nada.
Ainda que esteja vivendo dificuldades e passando momentos de intensa crise e opressões, jamais devem pensar que estão sozinhos, pois na verdade tem consigo um pastor sublime e poderoso, capaz de sustentar e amparar ainda que seja em meio às sombras da morte e no abismo de trevas e ansiedades.
Aqueles que têm no Senhor, o Deus de Israel, o pastor de sua vida, por maiores que sejam as lutas e os problemas, ainda assim, serão guardados poderosamente pelo poder de Deus.
Don Fortner, Names of God, www.monergism.com,
“O Senhor Jesus foi chamado e apontado por Seu Pai para ser o nosso Pastor no pacto da graça, desde o inicio. E por um ato de grande e condescendente graça e infinito amor, ele livremente, voluntariamente concordou ser o nosso pastor”.
Essa afirmação evidentemente expressa a intimidade de Deus com Seu povo, cuidando providencialmente de todos os pormenores em nossa vida para nunca sentirmos falta de absolutamente nada em todos os momentos e situações pelos quais passamos. Cristo desde toda a eternidade assumiu total responsabilidade da nossa redenção, salvação e do eterno bem estar dos eleitos de Deus, suas ovelhas.
Ter Cristo como pastor é sentir-se seguro, amparado, protegido e suprido em qualquer necessidade que venha aparecer. Jesus é abundantemente qualificado para ser o nosso pastor. Ele é Onisciente, Onipresente, Onipotente, Ele nos conhece intimamente, é poderoso e assim por diante, Cristo sendo o nosso pastor, fiquemos tranqüilo, pois nunca nos guiará por caminhos obscuros e sombrios, ao contrário, nos tirará deles.
Jehovah Tsidkenu: O Senhor é a nossa Justiça Jr 23.6.
E. H. Bancroft, Teologia Elementar, p 34 falando sobre esse nome diz:
“Esse nome revela Deus como a justiça pessoal imputada, assim satisfazendo nossas obrigações e necessidades pessoais”.
O pecado entrou no mundo por causa de Adão nosso representante, e quando isso aconteceu, o homem tornou-se pecador e inimigo de Deus, para que a reconciliação entre as partes fosse restaurada, o homem deveria justificar-se diante de Deus, cumprindo toda a lei e mandamentos do Senhor.
A inabilidade para isso, advinha da incapacidade do homem em guardar os mandamentos de Deus, pois agora tornara-se pecador, incapacitado por causa do pecado, em oferecer agradavelmente um sacrifício que contentasse a Deus. Porém o próprio Cristo, filho de Deus, resolveu juntamente com o Pai, antes dos tempos eternos, pagar a dívida dos homens, eleitos Dele, e assim, assumiu a nossa culpa e a nossa morte, dando por meio de sua morte substitutiva cabo da própria morte.
Rm 5.12-20, Rm 3.23, a glória de Deus é Cristo, Gl 3.9-13. Esses verso dão-nos a perspectiva de que a justiça de Deus, é Cristo, o beneficiador dos eleitos de Deus.
Don Fortner, Names of God, www.monergism.com, comenta dizendo:
“Cristo por sua morte expiatória completou e removeu para seu povo todo o pecado e toda a conseqüência de pecado…, “Por seu grande sacrifício pelo pecado, ele satisfez a penalidade da lei contra o pecado em sua carne”.
Cristo é nossa justiça, Ele morreu por nós, ou melhor, Cristo morreu em nosso lugar, fazendo um acerto de contas com Deus que beneficiou o seu povo. Portanto, Cristo é nossa justiça, sem derramamento de sangue não há remissão de pecados e o sangue de Cristo derramado em lugar do nosso nos livra de todo o pecado Gl 3.10.
A nossa justiça é o Senhor, que proveu livramento e libertação das mãos de Deus imputando sobre nós a justiça de Cristo Jesus Rm 4.9-10. Com isso, nunca devemos esquecer que realmente somos devedores a Deus e buscar glorificá-lo e servindo-o sempre.
Jehovah-Shammah, O Senhor está aqui Ez 48.35.
Desde o começo do AT, Deus revelou sua intenção de estar com o seu povo. Ele conversava com eles no jardim do Éden e veio habitar nos santuários edificados no meio deles. A atitude de Deus em relação ao seu povo, demonstra o quanto este povo, estava sob o cuidado de Deus, e ao mesmo tempo, o quanto este Deus, é Alguém que se interessa em manter intimidade com seu povo.
Após a queda, Deus não abandonou a sua criação, continuou cuidando e provendo para criação toda a sustentabilidade e beleza, Deus continuou amparando e dirigindo toda a sua obra da criação. Sl 104.
Coisas estas que apontam para a perspectiva de um Deus que opera numa relação de proximidade com tudo o que Ele criou de forma geral, mas com a coroa de sua criação que é o homem de maneira especial. Deus está aqui, Deus está ao nosso lado, nunca abandonou aquilo que desejou criar, e portanto, podemos descansar Nele, sabendo que em tudo sempre estaremos protegidos e bem guardados.
A encarnação do Verbo, Jo 1.1, enfatiza ainda mais a ideia relacional do Deus que se alegra com o seu povo, dando-nos a grata honra de ainda que sendo criaturas, aprendamos a nos relacionar com o Deus Criador. Esse nome, quebra paradigmas do pensamento Deísta que argumenta dizendo que Deus é um Ser transcendente impossível de relacionamento.
Nas páginas das Escrituras, não é isso que vemos, ao contrário, Deus está aqui, Deus está conosco, não estamos entregues a própria sorte, não estamos a deriva sem coordenação e direção, temos um Guia, que está perto, livrando-nos de toda e qualquer circunstancia que seja.
A benção e a glória, a felicidade e a segurança da igreja de Deus na terra e nos céus, é a presença de Deus conosco. Don Fortner, Names of God, www.monergism.com , diz o seguinte: “ Esse nome, Jehovah-Shammah, dá a igreja de dues o significado de que Deus habita conosco”. E isso realmente é um fato, que além de tudo nos faz seguros e protegidos.
Esses, portanto, são alguns nomes de Deus, com prefixo Jehovah, que nos ajudam à perceber um pouco mais a intensidade de manifestações qualificadoras de Deus em determinados momentos específicos do instante em que Ele se revela aos seus servos por meio desses nomes. Agora apresentarei alguns nomes no NT e que por fim acabam trazendo paralelos importantes na demonstração do caráter de Deus por toda a bíblia, por isso, vejamos alguns deles.
Os Nomes do Novo testamento e Seu Significado.
Theos
O Novo testamento tem equivalentes gregos dos nomes do Velho Testamento. Para ‘El ‘Elohim, e ‘Elyon temos nele Theos, que é dos nomes aplicados a Deus o mais comum. Como ‘Elohim, pode, por acomodação, ser empregado com referência a deuses pagãos, embora estritamente falando expresse divindade essencial. ‘Elyon é traduzido por Hypsistos Theos, Mc 5.7; Lc 1.32, 35, 75; At 7.48; 16.17; Hb 7.1. Os nomes Shadda e ‘El-Shadday são vertidos para Pantokrator e Theos Pantokrator, 2 Co 6.18; Ap 1.8; 4.8; 11.17; 15.3; 16.7, 14. Mais geralmente, porém, vê-se Theos com um genitivo possessivo, como mou, sou, hemon, hymon, porque em Cristo Deus pode ser considerado como o Deus de todos e de cada um dos Seus filhos. A idéia nacional do Velho Testamento deu lugar à individual, na religião.
Kyrios
O nome Yahweh é aplicado algumas vezes por variantes de tipo descritivo, como “o Alfa e o Ômega”, “que é, que era, e que há de vir”, “o princípio e o fim”, “o primeiro e o último”, Ap 1.4, 8, 17; 2.8; 21.6; 22.13. Todavia, quanto ao mais, o Novo Testamento segue a Septuaginta, que substitui por ‘Adonai, e o traduz por Kyrios, derivado de kyros, poder. Este nome não tem exatamente a mesma conotação de Yahweh, mas designa a Deus como o Poderoso, Senhor, o Possuidor, o Governador que tem poder e autoridade legal. É empregado não somente com referência a Deus, mas também a Cristo.
Pater
Muitas vezes se diz que o Novo Testamento introduziu um novo nome de Deus, a saber, Pater (Pai). Mas isto, a rigor, não é certo. O nome Pai é empregado com alusão a Deus mesmo em religiões pagãs. É utilizado repetidamente no Velho Testamento para designar a relação de Deus com Israel, Dt 32.6; Sl 103,13; Is 63.16; 64.8; Jr 3.4, 19; 31.9; Ml 1.6; 2.10, enquanto que Israel é chamado filho de Deus, Êx 4.22; Dt 14.1; 32.19; Is 1.2; Jr 31.20; Os 1.10; 11.1. Nestes casos o nome expressa a relação teocrática especial que Deus mantém com Israel. No sentido geral de originador ou criador é empregado nas seguintes passagens do Novo Testamento: 1 Co 8.6; Ef 3.15; Hb 12.9; Tg 1.18. Em todos os outros lugares ele serve para expressar a relação especial da primeira Pessoa da Trindade com Cristo, com o Filho de Deus, seja no sentido metafísico, seja no sentido mediatório, ou a relação ética de Deus com todos os crentes como Seus filhos espirituais.
Atributos de Deus.
Os atributos de Deus, são outra parte desse estudo, que demonstram a característica e as qualidades de Deus aos Seus adores de forma especial, mas de forma geral, refletem a Sua beleza e grandeza de maneira geral. Devemos buscar conhecer a Deus em todos os momentos de nossa vida, e esse conhecimento só é verdadeiro na medida em que partimos do estudo sério da Palavra de Deus buscando alcançar com mais exatidão e certeza, aquilo que Deus expressamente deixou revelado de si mesmo em sua Santa Escritura.
Arthur Pink, Os Atributos de Deus, p 5, diz: “Necessitamos algo mais que um conhecimento teórico de Deus. Só conhecemos verdadeiramente a Deus em nossa alma, quando nos rendemos a Ele, quando nos submetemos à Sua autoridade e quando os Seus preceitos e mandamentos regulam todos os pormenores da nossa vida”.
Se observarmos alguns textos como Os 6.3, Jo 7.17, Dn 11.32, veremos claramente a abordagem dos autores de maneira inspirada, revelando o quão importante é, que conheçamos a Deus, tanto para nosso bem, quanto para a glória de nosso Criador, que ao mesmo tempo, sente prazer em nos abençoar em todos os sentidos.
Portanto, os atributos de Deus, revelam ainda mais as características de nosso Deus a nós com um toque ainda mais belo de soberania e sublimidade, que mostram a todos os estudiosos do Ser de Deus, o quanto o Senhor é grande e poderoso em todos os seus feitos.
Ao mesmo tempo, porém, há um certo questionamento, sobre o uso da palavra Atributos, referindo-se a Deus, pois ela daria a ideia de algo que se acrescenta a alguém. Berkhof, Teologia Sistemática, p54, discute essa perspectiva dizendo: “O nome atributo não é ideal, desde que transmite a noção de acrescentar ou consignar alguma coisa a alguém, e, portanto, pode criar a impressão de que alguma coisa é acrescentada ao Ser divino”.
Há distorções a respeito do ser de Deus, porque essas distorções começam nas noções que temos a respeito de quem Deus é, por isso, estudar a respeito das propriedades ou virtudes de Deus, nos darão uma clareza maior sobre quem Deus é, e, portanto, qual a melhor maneira de se engrandecer e adorar a esse Deus.
O Dr.Wayne Grudem, Teologia Sistemática, p 105.
“Quando falamos sobre o caráter de Deus, percebemos que não podemos dizer ao mesmo tempo tudo o que a bíblia nos ensina sobre o caráter dele”.
Isso significa que precisamos buscar o melhor caminho na tentativa de explicar melhor este assunto, para não desencaminharmos uns atributos em detrimento de outro.
Ainda observando a questão dos atributos e sua definição, Augustus Hopkins Strong, Teologia Sistemática, p 364, diz o seguinte:
“Os atributos de Deus são as características distintas da natureza divina inseparáveis da ideia de Deus e que constituem a base e apoio das suas várias manifestações às suas criaturas”.
Os atributos não são meros nomes das concepções humanas a respeito de Deus, as quais tem sua única base na imperfeição da mente finita. Isso pelo fato de que é Deus quem a si mesmo se mostra o revelador de suas características, virtudes e propriedades.
Portanto, ao esclarecer cada um dessas qualidades de Deus, tentaremos ao mesmo tempo, fazer isso de forma prática, no sentido de mostrarmos o quanto o conhecimento de Deus, é fundamental, para o crescimento espiritual e a maturidade cristã, que nos farão mais e mais fiéis e íntegros na proclamação do evangelho.
Classificação dos Atributos de Deus.
O Dr Augustus Hopkins Strong, Teologia sistemática, p 369, diz o seguinte a respeito da classificação dos atributos:
“Os atributos podem ser divididos em duas grandes classes: Absolutos ou Imanentes e Relativos ou Transitivos”.
Enquanto que Wayne Grudem, Teologia Sistemática, p 105, diz:
“… que a classificação mais utilizada são: atributos incomunicáveis e atributos comunicáveis.
O Dr. Heber Carlos de Campos, O Ser de Deus e Seus Atributos, p 163 classifica os atributos de Deus em quatro classes sendo elas, atributos naturais e morais, absolutos e relativos, imanentes e emanentes, comunicáveis ou incomunicáveis.
Creio que esta última classificação contemple de maneira mais completa a ideia passada do significado dos atributos e a sua importância para nós. E veremos até mesmo algumas objeções no uso de alguns deles e o porquê a necessidade de se ficar com comunicáveis e incomunicáveis.
Fonte: Igreja Presbiteriana Betânia
Revisão de Texto: Michael Rossane