Sua alegria interior compensava tudo que tinha perdido. Ele próprio dizia que queria viver, tanto quanto possível, uma vida semelhante à de Jesus.
O milagre era constante em sua vida. Imagine alguém que não tem onde dormir, nem o que comer ou vestir, andando por selvas, montes, desertos, montanhas geladas e que pudesse sobreviver se não fosse pelo milagre. Imagine, também, as perseguições, prisões, espancamentos de alguém que, qual Daniel, não contasse com um Deus para livrá-lo.
Pois bem, assim era a vida do Sadhu (termo indiano que significa santo ou separado) Sundar Sing: entre visões da glória, transportes, meditações profundas, estados de êxtase.
Certa feita, foi atirado pelos seus algozes dentro de um poço cheio de pessoas condenadas – mortas ou moribundas. Um poço de onde ninguém sairia. A despedida da vida. Quando chegou ao fundo, sentiu o contato morno de algo que nada mais era do que carne humana fétida, em decomposição. Logo em seguida fecharam a chave a boca do poço. “Não sabia que três dias se tinham passado. Inerte, sentado entre os ossos e os cadáveres, aguardava a morte, quando a boca do poço se abriu. Um vulto irreconhecível surgiu, negro contra o Céu da noite. A voz, ampliada, era como o trovão. Ordenava-lhe que agarrasse a corda. E pouco depois, tateando fracamente, encontrou-a. Tinha um nó na extremidade. Firmou ali o pé e segurou-a como pôde. Sentiu que era erguido. Seu corpo oscilou pesadamente de uma parede à outra, até que atingiu a superfície. Fortes mãos o agarraram e o colocaram em terra.
O ar fresco invadiu-lhe os pulmões como a água da represa invade o vale, os diques. Tossindo, atordoado, ouviu como em sonhos o ranger da tampa, o som da chave na fechadura. Olhou em torno para conhecer o seu amigo desconhecido, mas viu que estava só na escuridão noturna. Caiu de joelhos e deu graças a Deus. Quem o visse dormindo entre o bulício da faina diária que começava não imaginaria que era o mesmo que estivera no fundo do poço por três dias”.
No final de sua vida tentou várias vezes a travessia do Himalaia, rumo ao Tibete, onde pretendia pregar o evangelho. Da última vez, na primavera, não se conteve. Pretendia atingir o seu destino pela 'Estrada do Peregrino'. Contra tudo e contra todos, foi e desapareceu — por mais que o procurassem, sumiu sem deixar vestígio algum.
No final de sua vida tentou várias vezes a travessia do Himalaia, rumo ao Tibete, onde pretendia pregar o evangelho. Da última vez, na primavera, não se conteve. Pretendia atingir o seu destino pela 'Estrada do Peregrino'. Contra tudo e contra todos, foi e desapareceu — por mais que o procurassem, sumiu sem deixar vestígio algum.
O importante é salientar o papel que Jesus representa e pode representar nas vidas daqueles que buscam algo surpreendente, superior e eterno e que não têm medo de confiar n’Aquele que é poderoso para resolver.
Sundar Singh foi um homem muito útil ao Senhor. Conheceu a Cristo ainda muito jovem e passou a ser tomado por um desejo profundo de se parecer com o seu Salvador. As montanhas da Índia, China, Nepal e Tibete são testemunhas das muitas viagens deste homem de Deus. Situações em que sempre esteve em perigo, seja ameaçado pelo frio, fome, animais selvagens, trilhas difíceis, seja sob ameaça de grandes forças do inferno e de extremistas hinduístas, budistas e muçulmanos.
Andando, literalmente, este fiel ministro da Palavra foi usado pelo Senhor Jesus para levar a Verdade (Jesus) a diversos povos estabelecidos em lugares de difícil acesso geográfico e de escravidão religiosa. Singh foi, sem dúvida, instrumento do Espírito Santo para proclamação do Reino de Deus como testemunho a esses povos.
Através da história deste homem podemos nos deliciar ao contemplar o alcance da graça do Senhor, que o levantou como ministro do Evangelho, cujo ministério foi forjado no meio do serviço e das batalhas que o acompanhavam. Ele não teve um minuto sequer para a teologia organizada e foi usado poderosamente por Deus por meio da ação do poder do Espírito Santo. Sentiu um peso enorme de responsabilidade pela obra de Deus na vida dos povos que ele se comprometeu a anunciar as boas novas, pelo que renunciou qualquer conforto material.
É algo tão diferente de tanta doutrina materialista e comprometida com o bem estar do homem aqui na terra, tão anunciada por homens que abandonaram a mensagem da cruz e passaram a anunciar algo alternativo, mesclado com algumas verdades, mas inteiramente falso.
Nascido em 03 de setembro de 1889, Sundar Singh era o filho caçula de uma família sik, uma das religiões que tiveram origem na Índia, caracterizada por serem seus adeptos aversos às drogas, inclusive o tabaco, cultivando um cuidado peculiar com a higiene pessoal e um respeito devocional aos chamados “livros sagrados”. A aldeia na qual ele nasceu, Rampum, era um dos principais redutos siks, e seu pai, Sher Singh era governador da mesma.
Desde criança, Sundar Singh demonstrava um interesse incomum a sua tenra idade, pela introspecção e conhecimento dos livros sagrados sinkistas, com incentivo pleno de sua mãe, uma religiosa praticante que sonhava ver seu filho se tornar um “sadu” (espécie de sacerdote sik). Segundo o próprio Sundar, sua mãe teve uma participação marcante na sua trajetória até Cristo, pois ela alimentou seu desejo por uma vida piedosa.
Aos 14 anos, Sundar perdeu a mãe. Foi uma experiência muito dolorosa para ele. Mas, nessa fase ele se encontrava cada vez mais perto de conhecer a Cristo, embora ainda fosse lutar muito até decidir entregar sua vida a Ele. Isso seria uma vergonha para sua família sik. Por isso Sundar resistiu bastante até, finalmente, render-se ao Jesus a quem amou até o fim de sua vida.
Deus o estava cercando. Após a morte de sua mãe, Sundar entrou numa fase de profunda introspecção e luta interior, pois os rituais siks que cumpria diariamente e as horas de leitura nos livros sagrados não serviam para satisfazer sua profunda fome espiritual. Diante do quadro depressivo do filho, seu pai resolveu matriculá-lo em uma escola, a fim de ocupar sua mente, na esperança de vê-lo recuperar a alegria. E assim fez. Toda a escola era dirigida por uma missão norte-americana e lá Sundar teve contato com o livro mais precioso: A Bíblia.
De Inicio ele rejeitou tudo: a escola, os professores, os colegas e a Bíblia. Sendo que da Bíblia ele nutria um ódio intenso. Mas não podia deixar de ler, pois era o livro texto da escola. Quando começou a ler a Bíblia, passou a se interessar por ela. No início chamou a atenção o “tal” Jesus, de quem o livro falava. Sua atração pela Bíblia foi crescendo, levando-o a uma leitura diária, até que um amigo o advertiu com relação ao “feitiço” da Bíblia, pois, argumentou: – “muitos que começam a conhecer este livro acabam se tornando cristãos”.
Tomado pelo pavor de ser “enfeitiçado” pelo livro, se desfez da Bíblia, saiu da escola, e por algum tempo, passou a perseguir os cristãos de sua cidade. Queimou sua Bíblia e outras mais. Mas, em tudo, sua agonia só fez crescer. Decidiu, no meio de seu desespero, testar um texto que tinha lido na Bíblia. Seu conflito interior era tão gigante que desafiou Deus a lhe revelar a verdade ou então cometeria suicídiO. Após algumas horas esperando a resposta do Deus que até então ele não cria ser real, o próprio Senhor Jesus veio ao quarto de Sundar e a presença gloriosa que sentia e via trouxe a certeza que jamais o abandonaria.
Decidiu ali entregar sua vida a Cristo e servi-lo fielmente. Mas, como acontece com todos aqueles que querem seguir fielmente a Cristo, enfrentou diversas e duras oposições. Sua família o rejeitou e tentou até matá-lo por envenenamento. O Senhor o livrou da morte por diversas ocasiões.
Após sua conversão de pronto atendeu o chamamento do Senhor: iria pregar o evangelho de Jesus por toda a região do Tibet e vizinhanças como um Sadhu, ou seja, alguém que não tem nada nesta terra a não ser sua fé. Foi assim que percorreu regiões de difícil acesso, descalço por caminhos montanhosos e de frio hostil. Comia o pão de cada dia à medida que o Senhor supria. Sua vida estava inteiramente nas mãos do Mestre. Passou a se relacionar tão profundamente com o Senhor que foi a cada dia tornando-se mais parecido com Jesus. ‘Quando, numa sala, alguém o tratava com consideração que dispensava a seres excepcionais, ele se retirava aborrecido.
Disse certa vez que não podia tolerar tais néscios’. Ao orar por uma criança à beira da morte, e o Senhor ter operado um milagre, ficou chocado ao ver as pessoas pensarem que ele era um milagreiro, levando-o a afirmar publicamente que não faria mais aquilo para não atrapalhar a mensagem do evangelho que pregava.
Embora tenha pregado o evangelho em diversos países, seu trabalho foi concentrado em regiões de difícil acesso nas montanhas da Índia, China, Nepal e Tibete. Sua missão era clara: levar a mensagem do evangelho a lugares que nunca tinham ouvido falar de Cristo. Os perigos faziam parte de sua dura rotina diária. Em 13/04/1929 foi visto pela última vez por um missionário europeu, quando decidiu percorrer a “Estrada do Peregrino” no Tibete. É desconhecido seu paradeiro, apenas sabemos que este homem certamente estará na lista daqueles que reinarão com Cristo.
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Pr. Edmilson Estudos