Este bondoso teólogo nasceu em 1599. Estudou no Emmanuel
College em Cambridge, mas foi obrigado a deixar a universidade e, mais tarde, a
própria Inglaterra, por ser um “não-conformista”.
[1] Depois de acabar seus
estudos na universidade, ele entrou no trabalho ministerial e foi designado
assistente de Edmund Calamy na cidade de Bury Saint Edmunds. Em 1631, tornou-se
pastor em Tivetshall, no condado de Norfolk, mas depois que o Bispo Wren
publicou seus artigos e proibições em 1636, ficou privado do seu sustento.
Buscou refúgio, por algum tempo, no hospitaleiro abrigo do Conde de Warwick,
mas, por conta do procedimento intolerante e opressivo dos governantes
religiosos, o nobre Conde, depois de algum tempo, achou impossível continuar a
protegê-lo. Pouco depois, para escapar ao fogo e à perseguição, fugiu para a
Holanda e estabeleceu-se em Roterdã, onde foi escolhido como professor da
igreja congregacional onde William Bridge era pastor.
(Não-conformistas: esse termo surgiu na história inglesa quando
puritanos e separatistas não quiseram aderir à Igreja da Inglaterra (oficial) desde
1660 até o Ato de Tolerância (1689). Não-conformidade é a atitude de não se
submeter a uma igreja oficial. — Alderi Souza de Matos
(http://www.mackenzie.
com.br/7058.html ).
Ao chegar, foi bem recebido pela igreja, onde permaneceu
como obreiro zeloso e fiel por muitos anos, conquistando muito boa reputação
entre o povo. Depois do início da guerra civil, quando se enfraqueceu o poder
dos bispos, retornou à Inglaterra “não para pregar a revolta, mas a paz, pela
qual fervorosamente orava e trabalhava”, segundo o livro Biographical History,
de Granger.
Burroughs era pessoa altamente honrada e estimada, e logo se
tornou um pregador muito popular e admirado. Depois de retornar, sua facilidade
de lidar com as pessoas e suas grandes qualidades logo chamaram a atenção do
público, e foi escolhido para ser o pregador das congregações de Stepney e
Cripplegate, em Londres, consideradas na época como duas das maiores
congregações da Inglaterra. Ele pregava em Stepney às sete horas da manhã, e
William Greenhill pregava às três da tarde. Esses dois homens, injustamente
tachados por Wood como eminentes provocadores de cismas e independentes, foram
chamados por Hugh Peters, no púlpito de Stepney, um como “a estrela da manhã” e
o outro “a estrela da noite de Stepney”.
... Estudaram as Escrituras sem nenhum pré-julgamento. Consideraram a Palavra de Deus com a imparcialidade que homens de carne e sangue teriam feito em qualquer época no lugar a que foram, na condição em que se encontraram e com a companhia com que contavam, sem ceder à tentação de qualquer viés.
Eles insistiam que cada igreja ou congregação tem poder suficiente em si mesma para administrar o governo eclesiástico, e não está sujeita a nenhuma autoridade externa. Os princípios sobre os quais fundamentavam o governo eclesiástico se limitavam em tudo ao que as Escrituras prescreveram, sem considerar de forma alguma as opiniões ou práticas humanas, nem se prendendo demais às suas resoluções atuais, de forma a não deixar espaço para alterações à vista de um maior entendimento da verdade de Deus. Eles adotaram um meio-termo entre o presbiterianismo e o brownismo.
Consideravam os
presbiterianos muito arbitrários, e os brownianos muito rígidos, desviando-se
ambos do espírito e da simplicidade do Evangelho. Esses são os grandes
princípios dos independentes dos nossos dias.
Richard Baxter, que conhecia o grande valor de Burroughs,
disse:
“Se todos os episcopais fossem como o arcebispo Usher, todos os presbiterianos como Stephen Marshall, e todos os independentes como Jeremiah Burroughs, logo estariam sanadas as discórdias da igreja”.
O último assunto
pregado por Burroughs, que ele também publicou, foi Irenicum, ou seja, uma
tentativa de reparar as divisões entre os cristãos. Dizem que seu trabalho
incessante e seu sofrimento por causa das confusões daquela época,
apressaram o fim da sua vida. Ele morreu de tuberculose em 14 de Novembro de
1646, aos quarenta e sete anos.
Granger disse a respeito dele: “Era um homem
erudito, sincero, humilde e de vida exemplar e irrepreensível”. Fuller o
classificou entre os escritores eruditos do Emmanuel College, de Cambridge. O
livro Christian Preacher, de Williams, diz que a obra Exposition of Hosea de
Burroughs é um exemplo encantador de como os pregadores populares do seu tempo,
em suas pregações expositivas, aplicavam as Escrituras às variadas situações
dos seus ouvintes. Ele publicou vários dos seus escritos ainda em vida, e seus
amigos publicaram vários outros depois da sua morte, a maioria dos quais foram
muito bem recebidos por todos os cristãos piedosos.
Burroughs publicou varios livros, um dos mais importantes. Observações sobre a Profecia de Oséias(4
vols., Londres, 1643-57), que, junto com vários outros trabalhos, foi
recentemente reeditado:
Comentário sobre a Profecia de Oséias
A jóia rara do Contentamento cristão
Aprender a ser feliz
O Mal dos males: a imensa malignidade do pecado
Esperança
Um tratado sobre a área da mente
A Excelência de um Espírito Clemente entregue em um tratado
sobre Números 14:24
Irenicum: cura de divisões entre o Povo de Deus
A felicidade do santo: Sermões sobre as Bem-aventuranças
Tesouro do Santo: Sermões Sendo diversos pregado em Londres
Adoração Gospel, ou, a maneira correta de santificar o Nome
de Deus
Medo do Evangelho
Evangelho da Conversação
Gospel Apocalipse
Evangelho Remissão
Evangelho de reconciliação, ou, Trompete Cristo da Paz para
o Mundo.
Fonte: